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Ataliba Campos

O barreirense Ataliba Campos Lima nasceu em 09 de abril de 1941. Foi um poeta e artista plástico de grande sensibilidade artística, criador de um estilo próprio. Ele, que começou a vida artística desenhando paredes com letreiros de propaganda, deixou um grande acervo em telas de diversos tamanhos e formas.

Embora sua principal expressão tenha sido as artes plásticas, foi dono de uma poesia que expunha sua alma inquieta de forte cunho social. Em 2007 lançou o livro de poesias ‘Maria Benta, a Maria dos meus Amores’.

Foi membro desde a fundação da Academia Barreirense de Letras, ocupou a cadeira nº 07 e tinha como patrono Antônio Vieira. Faleceu em 24 de janeiro de 2021.

Divulgamos na sequência o texto “Artista da Vida e Poeta do Mundo”, de Márcia Saievicz, publicado no portal Recanto das Letras.

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Biografia

ATALIBA CAMPOS LIMA - nascido em Barreiras, região Oeste da Bahia, não é um "artista baiano". Ataliba é um artista da vida e um poeta do mundo. Sem influência de mestres e escolas, sua arte brotou da experiência da carne e do olho. E no exercício da mão. A pena é seu instrumento de trabalho e a vida o tema de sua obra.
Desde 1994 o desenhista e colorista vem aperfeiçoando seu estilo sui generis. Mestre das linhas, Ataliba domina a técnica bico-de-pena: a arte de desenhar a traços numerosos e destacados usando tinta nanquim o similar. Pose se dizer com acertos: as linhas são a alma da sua criação e o enigma é a lama de suas linhas.
As produções de Ataliba são com freqüências monocromáticas, provocando a imaginação do expectador para o preenchimento do espectro. As cores, quase acidentais na poética própria deste artista, dão lugar às matrizes lineares e geométricas. O colorido, quando explode nas suas telas, bem delimitado por linhas e contornos, tonaliza o movimento e compõem a harmonia da sua criação.
Transcendendo regionalismo e escolismo, o estilo singular de Ataliba o associa aos mestres da arte abstrata. Alheios a preocupação da figuração, esses mestres não buscam representar a natureza nas suas formas acabadas. Fruto da abstração mental, o conteúdo manifesto no produto da arte abstrata transcende as aparências exteriores da realidade. As formas excêntricas tecidas pelas linhas de Ataliba representam objetos reais. O concreto, porém, se transfigura diante do olhar do expectador. A polifonia da sua composição provoca vertigem e acentua o enigma da visão.
Como os artistas da arte óptica (Op Art), Ataliba cria imagens que parecem vibrar e palpitar. Sem o recurso da terceira dimensão, a ilusão do movimento é produzida pela sutileza dos traços bem desenhados, pela diversidade das texturas, dos contornos firmes e destacados e pelas nuances da caligrafia cuidadosa desses ex cartazista que tem o nanquim como grande descoberta da sua vida.
As linhas e texturas dos quadros de Ataliba exploram a falibilidade do olho e a imaginação criadora. Sua bela escrita produz formas alusivas surreais: personagens anônimos, margaridas, girassóis, sóis, caracóis, folhas, cabeças de aves, ou de peixes, dragões flutuantes, a cidade e a batalha que nela os homens travam, e até o artista: tudo está ali, transfigurado em linhas e à disposição da visão.
A fecundidade passa a ser um tema freqüente na obra de Ataliba a partir de 1996. O movimento da vida que se prolifera e se dissipa é perpetuado na ótica e na poética singular desse artista: escritor de poemas, de figuras e de espaços metamorfoseados por linhas e cores. Sempre em busca de novas formas geridas ou esmaecidas.
A poética de Ataliba tem seu êxito assegurado pelo excepcional usa da técnica. Em telas, em cartolinas, papel canson, ou mesmo folhas de caderno, sua caligrafia inconfundível dispensa assinatura. A obra desse Campos Lima, que não gosta de autografar seus quadros e quando os assina prefere o ataliba minúsculo, revela deveras o gênio de um grande artista.
Cada quadro de Ataliba é peça de um enigma indecifrável em palavras, porém aberto à visão. A tapeçaria de Ataliba Campos Lima, peota do mundo e mestre das linhas tecidas a nanquim, é um convite ao olhar: convida a um mergulho vertiginoso na visão e à co-participação na experiência da arte. Só ao olho cabe inspecionar a obra desse mestre.

Obras

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Segue uma de suas poesias:

Gostaria

Gostaria eu
de ser o único sem ter onde morar,
dependente constante do aluguel cruel,
da ambição daqueles que não se fartam.

Gostaria eu
de ser o único desempregado,
independente de carteira ou documento outro
que venha ditar obrigações só minhas.

Gostaria eu
de ser o único doente incurável,
vítima da farmácia gananciosa,
da burocracia dos hospitais públicos.

Gostaria eu
de ser o único sem sentir a dor
do filho deficiente físico ou psíquico,
a negar-lhe seus direitos e deveres.

Gostaria eu
de ser o único a clamar pela liberdade,
de sair quando for necessário ficar,
chegar quando não houver necessidade.

Gostaria eu
de ser o único quando adulto,
não tivera lembrança do circo,
não tivera lembrança da infância.

Gostaria eu
de ser o único sem oportunidade
de frequentar uma escola ou faculdade,
de não saber ler ou escrever.

Gostaria eu
de ser o último na escala social,
sem ter que presenciar passivamente
uma fila inesgotável daqueles que nada tem.

Gostaria eu
de ser o único marginalizado
desta sociedade insana e perversa,
deste sistema arcaico e selvagem.

Gostaria eu
de ser o único dos oprimidos,
de ser o último dos corrompidos,
o único que não lutasse pela JUSTIÇA SOCIAL.

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